Na última quinta-feira (30/09) aconteceu uma manifestação na porta da Prefeitura de Itabirito. O ato denunciava o descaso da atual gestão em relação aos servidores públicos. Entre as várias pautas que os servidores estavam reivindicando, uma delas era a recomposição salarial que há muito tempo não acontece, bem como não acompanha a realidade dos trabalhadores num país onde está cada vez mais caro e difícil de viver.
Esse impacto se faz mais evidente para aqueles servidores que recebem menos de R$1.500,00. Há um Plano de Carreiras e Vencimentos que está muito ultrapassado e que os trabalhadores não são chamados para fazer a sua revisão. De acordo com este plano, era para haver diferença salarial de um nível para outro, mas com as perdas salariais dos últimos tempos, os servidores que compõem os níveis mais baixos, ou seja, aqueles que são a base da pirâmide, estão com achatamento salarial. Só no papel os servidores são diferenciados por níveis, mas os salários são iguais.
Os servidores requerem recomposição salarial de 22,5%, que é o valor próximo ao corrigido pelos índices inflacionários dos últimos cinco anos. Durante o ano de 2020 houve reajuste de cerca de 6%, mas este valor está aquém do esperado. Também pedem aumento no valor do cartão alimentação, uma vez que a carestia dos últimos dois anos tem impactado no valor gasto com alimentação. O cartão alimentação foi reajustado pela última vez há dois anos. De lá para cá tudo mudou no país e no mundo.
Corre "à boca miúda" que o Executivo quer voltar com a jornada de trabalho de 40 horas para alguns servidores. Porém, sem um real aumento de salário, isso seria prejudicial aos trabalhadores, que muitas vezes precisam arrumar outro emprego para complementarem a renda escassa.
Também pedem mudança na legislação da promoção por titulação. Diferentemente do setor privado, as promoções no serviço público são muito raras e difíceis de acontecer. Uma forma de ser promovido é apresentar formação além daquela requerida para o ingresso na função. Hoje o servidor que entrar para a Prefeitura de Itabirito precisará esperar cinco anos para terem contados os seus títulos de escolaridade, graduação, aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado. A Câmara Municipal de Itabirito tentou corrigir essa disparidade para os seus servidores, reduzindo de seis para três anos, mas o projeto foi vetado pelo Executivo. Os servidores da Prefeitura querem uma legislação que cumpra essas justíssimas alterações.
Servidores na manifestação da última quinta-feira (30) - Foto: Tribuna Popular
Outra pauta denunciada era a falta de interesse da prefeitura para com os servidores em ouvir suas demandas, pois a comunicação entre a atual gestão e os servidores hoje em dia é algo quase inexistente. No mesmo dia que ocorria esta manifestação, a Prefeitura se reunia com a atual diretoria do sindicato dos servidores, que tem cargo comissionado na atual gestão, logo, com peso nulo em representação dos trabalhadores municipais. Foram espertos em fazer tudo isso antes que a nova gestão sindical eleita, realmente preocupada com os servidores, assuma. Não se sabe o que estão tramando.
Para além disso, temos um problema que atinge não somente os servidores, mas toda a população: a cidade sofre com um problema de serviço de transporte precário e caro.
Será que só por meio de manifestações as pautas dos servidores e da população como um todo serão ouvidas?
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