Assim como em toda a América, o território de Itabirito/MG e região também foi roubado pela dominação branca e capitalista. E neste país, a resistência e a revolta também estão no DNA da sociedade brasileira.
(Foto: Thiago Carvalho / Revista Educação)
Mais de 6 mil indígenas se encontram acampados há algumas semanas em Brasília, de frente para o Palácio do Planalto. A vigília durante o processo de votação do Marco Temporal é mais uma histórica jornada de lutas dos povos indígenas em território nacional. Um país que tem em seu DNA a mancha histórica desta dominação e exploração 'civilizatória'. Um verdadeiro câncer que foi instaurado na invasão de 1500 e que segue evoluindo na sociedade brasileira.
A história do povo indígena no Brasil é insistentemente silenciada pelo nosso modelo social de viver. Neste país, foram as mãos e mentes indígenas e negras que proporcionaram todas as etapas de evolução e crescimento do Brasil atual, enquanto suas histórias e tradições seguem sendo renegadas e violentadas por uma elite rica, na maioria das vezes branca, e sempre soberba aos nossos graves problemas sociais.
É fundamental ressaltar que os povos indígenas são diretamente responsáveis pela preservação ambiental em suas áreas habitadas. Os territórios ocupados pelos povos indígenas têm registros de grande preservação das florestas e das águas, impedindo as crises capitalistas de serem ainda mais catastróficas.
São épocas históricas de mudanças climáticas acontecendo como resposta do Planeta Terra ao trágico e falido modelo capitalista. Como exemplo, o avanço do desmatamento na Amazônia e dos garimpos dos capitalistas latifundiários nos colocam em situação de risco, e a aprovação do Marco Temporal favorece ainda mais este modelo segregador e assassino.
Aqui na região de Itabirito, nunca foi diferente. As principais ruas, avenidas e praças da cidade homenageiam no geral homens brancos, integrantes de uma pequena elite local. Quantas lideranças históricas indígenas de resistência estão homenageadas em estruturas públicas de nossa cidade? A resposta dessa pergunta é um revoltante nenhuma!
ITABIRITO INDÍGENA
Indígenas Cataguases ou Cataguás, também conhecidos como “Catauá”, um entre tantos exemplos de povos originários daqui, eram habitantes de parte do centro, oeste e sul mineiro quando da chegada das primeiras expedições e bandeiras e consequente instalação dos primeiros exploradores do ouro. Esses povos sofreram com a ação escravizadora dos bandeirantes.
Segundo o relatório final da Pesquisa Histórico-Arqueológica sobre Aredes - Município de Itabirito / MG (2010):
"desde o início da ocupação das terras das Minas Gerais, em fins do século XVII, o Pico do Itabirito serviu como marco geográfico e referencial de localização para os novos caminhos descobertos pelos bandeirantes, mas que já haviam sido traçados há muito pelos povos indígenas que habitavam estas paragens. Devido à sua relevância econômica, geográfica e histórica, o Pico de Itabirito e seu entorno vêm sendo objeto de disputas desde o século XIX."
"Antes mesmo da colonização do Brasil pelos portugueses, segundo o historiador Oiliam José, a região de Itabirito já era habitada por indígenas de diferentes etnias que pertenciam, com raras exceções, aos grandes grupos Jê. Citam-se os exemplos dos Cataguases ou Cataguás (região central, oeste e sul de Minas); Araxás (Alto Rio São Francisco e Paranaíba); Goianás (região central de Minas Gerais) e Guarachués (cabeceiras do Rio das Velhas)."
A formação dos vales com os grandes cursos d’água (como o Rio das Velhas e seus afluentes) proporcionou condições para a vida das populações indígenas, uma vez que estes povos dependiam essencialmente das condições do ambiente onde se estabeleciam de forma temporária ou permanente.
É essencial enxergar a circunstância histórica de domínio europeu nas terras para a extinção de muitas sociedades indígenas que viviam nas Américas, inclusive nas Minas Gerais, bem como a destruição de memórias e culturas de tantas outras etnias.
Os registros históricos indicam que o povo Cataguás vivia na região de Itabirito. Adotavam como forma de organização social um comunismo primitivo, em que não existia exploração de uma pessoa sobre a outra. Povo que enfrentou aguerridamente as investidas dos colonizadores, por isso eram extremamente temidos.
REVOLTA AO SISTEMA
A nossa história de luta e busca por reconhecimento e emancipação de povos permanece. O domínio que estrutura nosso modelo social precisa ser combatido para buscarmos uma sociedade mais justa e mais rica, com respeito aos humanos, aos seres vivos e ao Planeta Terra.
Lutar é um dever da América Latina. E lutar é um dever de Itabirito. A nossa história é de luta.
O prefeito e os grandes empresários da cidade precisam ser cobrados por esta dívida histórica com o povo explorado de Itabirito. Os milhões e milhões da mineração precisam ser da classe trabalhadora, e somente o povo trabalhador de Itabirito pode conquistar mais direitos, quando se luta como uma classe.
Por uma cidade que seja exemplo de combate profundo à desigualdade social! Viva a luta dos povos indígenas e de todo povo explorado!
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