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EDITORIAL | Fascismo no mercado

Em tempos em que o termo voltou com tudo na política, inclusive nas últimas disputas presidenciáveis, queremos saber: tem fascismo na Av. Queiroz Júnior?


Foto: Carta Maior

A expressão 'fascismo' veio à tona na atmosfera política nas eleições para Presidência do Brasil em 2018. Tamanho foi seu uso, por ambos os lados dos discursos, que podemos afirmar: o fascismo marcou as Eleições 2018. E por isso, temos que reconhecer: é obrigação chegar mais perto, botar a lupa, na tentativa de compreender os fatos (que fundamentam outro fato): a expressão foi determinante para os resultados das urnas.


Ano que vem tem mais.


Temos que entender. Uma palavra tão falada nos últimos tempos. E para isso, pra entender, nada melhor que tentar enxergar. Antes disso, uma rápida história sobre alguns eventos sobre Eleições 2018.


Nas bases de 2018, o projeto vitorioso teve que escolher seu representante na disputa. Escolheu Bolsonaro, e simultaneamente, a palavra. O Fascismo voltou pro mercado, e parece que foi a direita que escolheu a expressão como estratégia. Não como consequência para lidar, e sim como ferramenta de chegar a vitória no ringue das narrativas. O fascismo chegou, e parece que foi a direita que escolheu isso. E deu certo, a estratégia "rolou" e levou a caneta mais pesada do Congresso. O discurso que escolheu Fascismo como arma foi eleito democraticamente. Na verdade, foi o escolhido.


Podia ser Dória. Huck. Ou algum outro promissor, com um nome a ser trabalhado, disposto a representar a direita na disputa para a presidência. Os financistas do projeto, podemos assim dizer, decidiram (e bem decidido, venceu) que trabalhar com o nome de bolsonaro (sim, em minúsculo), havia chance de vitória - democraticamente. Enfim, nome escolhido, e o campo de disputa foi sendo construído. Um espaço foi sendo arranjado, adaptado, conquistado, dentro do campo democrático, para que o discurso fascista obtivesse êxito. Aceitação.


Tem fascismo na Queiroz Júnior?


Agora vamos pra depois dos resultados. Depois que o Bolsonaro venceu. Já estamos em 2021, temos mais de dois anos para botarmos a lupa. Nada melhor do que tentar enxergar. Será que tem fascismo em Itabirito?


Com a folia cancelada no carnaval 2021, vamos viajar no tempo que tinha carnaval na avenida.


Carnaval 2020 em Itabirito. Sexta-feira. Um toque de recolher, daqueles truculentos, foi executado nas ruas de Itabirito. O carnaval tinha que acabar às 2h da manhã, e não hesitaram na estratégia.


Polícia Militar, gás, repressão e PM's iniciando a treta. Ao que tudo indica, sem princípio de violência por parte dos foliões.

Há um ano, algo foi normalizado para que a estratégia de encerramento da noite fosse esta. Teve gente ferida e, como consta, num conflito completamente evitável. Mas não.


E pra polícia ter feito o que fez, alguém precisou 'puxar a cordinha' para este tipo de conduta. Ou quem sabe, 'mexer uns pauzinhos'. Quem resolve sobre carnaval é a Prefeitura. E o prefeito. Neste caso, o atual prefeito Orlando Caldeira.


Na sexta de carnaval (de 2020, a de 2021 não conta!) teve fascismo na Queiroz Júnior. Quase repressão gratuita. No dia seguinte, teve estranheza de forma geral na cidade. Mas já havia acontecido. E pra isso ter acontecido, algo teve que ser normalizado no brasileiro comum.


Bolsonaro se orgulha da tortura em seu discurso. De algum jeito isso passou goela abaixo, e o brasileiro passou a achar normal, ou no mínimo, achou o mais do mesmo. Não estava tão incômodo considerar nosso passado de tortura com estudantes e outros cidadãos.


Choques. Socos. Pau de arara. Pauladas. Estupro. Escuridão sem luz solar. Fome. Mais tortura.


Você não precisava botar fogo num banco, ou participar de um assalto pra passar por isso - bastava ser atuante no campo da esquerda, que você estava sujeito. E nos períodos mais violentos da ditadura, podia sobrar pra você...


Agora é 2021


E o Governo militar é dos banqueiros.


O combustível já sofreu mais de quatro aumentos de preços. 2021.


A cesta básica está insuportável no supermercado.

O governo Bolsonaro é negligente e supera os limites da covardia e do desrespeito com a própria nação.


Na Avenida Queiroz Júnior, os preços do arroz e do óleo estão altíssimos...


Foi retirado o Auxílio Emergencial...


Há falta de Vacina...


A uberização do trabalho no romantismo brasileiro sobre empreender fez a gente chegar numa cultura de CEO de bolo de pote (vender bolo de pote é uma atividade extremamente digna!), mas por aqui, se romantizou essas atividades muito valiosas, mas que nada justificam a falta de um Estado presente para tirar o país deste buraco econômico.


Muitos falam do Congresso brasileiro na hora da crise, mas ignoram o que os maiores grupos financeiros fazem com a economia brasileira, a sufocando de todas as formas possíveis e não apresentando nenhum projeto de Desenvolvimento, apenas uma perpetuação de colônia!


Não é a informalidade básica que tira um povo que se enforca nas prestações do aluguel, eletrodomésticos, cheques especiais absurdos e condições de empréstimos bancários que impedem um povo de crescer. Se juntando aos problemas estruturais do país, como educação e saúde básica, altíssima concentração de terra e miséria...


2022 vem aí


Esta é a ditadura radical do mercado que sufoca o povo brasileiro que segue sem uma maternidade digna, sem saneamento básico e, agora, sem auxílio emergencial e sem vacina...


O fascismo está no mercado. É preciso um pacto para escolhermos não ser nunca mais governados por quem escolheu o fascismo e a tortura como discurso. E desde 2018, como forma de atuação.


É preciso arregaçar as mangas. Mas antes disso, é preciso admitir. Não se discute nada, projeto nenhum de país. Se vende tudo que é brasileiro, se desmoraliza tudo que é instituição brasileira, se retira direitos, a economia fica cada vez mais submissa a este sistema terrível.


É preciso arregaçar as mangas. O discurso da tortura precisa voltar a ser inaceitável.


Comecemos na Avenida Queiroz Júnior!

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