Falar de trabalho infantil é quase que unanimidade. O discurso de todos tende a caminhar contra a prática e defender que “lugar de criança é na escola”. Porém, o que vemos atualmente é uma crescente de crianças e jovens precisando sair da sala de aula, mesmo que a sala seja online, para buscar meios de ajudar financeiramente em casa.
Com o agravamento da pandemia e a falta de um auxílio emergencial que garanta o sustento do lar, muitos jovens, principalmente jovens de 15 a 18 anos, que antes estavam matriculados no turno da manhã, não têm mais esse horário disponível devido às necessidades familiares básicas.
Todo esse agravamento se dá pela má administração do então Presidente Bolsonaro que, desde o início da Pandemia, se colocou de forma negacionista, incentivando a população ao não uso de máscara e insinuando que a pandemia fosse coisa leve, “uma gripezinha” ou criação da China.
E os absurdos não ficam somente no campo das falas: Bolsonaro tentou vetar a todo custo o isolamento social, o que levou a um maior agravamento da crise sanitária e, em consequência, da crise econômica. Pois, quanto mais tempo dura a pandemia, mais os comércios se mantém fechados, mais as empresas demitem funcionários, mais crianças precisam ficar em casa e suas mães perdem o emprego para cuidar das mesmas. Em resumo: mais tudo que há de ruim. O que se esperava de mais básico, Bolsonaro não fez, que é a garantia de um auxílio Emergencial que fosse compatível com as necessidades do povo.
Com essas reflexões, se torna impossível que crianças e jovens se mantenham em casa, vendo seus irmãos mais novos sem comida e seus pais de mãos atadas. De acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF, quase 28% das crianças de 5 a 11 anos e 35% dos meninos e meninas de 12 a 14 anos em situação de trabalho infantil estão fora da escola.
As pesquisas revelam, ainda, que o trabalho infantil vinha sofrendo queda há vinte anos. Mas houve uma quebra dessa continuidade no que se refere ao número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em trabalhos perigosos – definido como trabalho que pode prejudicar sua saúde, segurança ou moral – que chegou a 79 milhões, um aumento de 6,5 milhões de 2016 a 2020.
Estudos alertam que a projeção é um aumento exponencial até final de 2022.
Dentre as atividades econômicas, o setor agrícola se destaca e é responsável por 70% das crianças e dos adolescentes em situação de trabalho infantil (112 milhões), seguido por 20% no setor de serviços (31,4 milhões) e 10% na indústria (16,5 milhões).
De um ponto de vista de gênero, o trabalho infantil é mais prevalente entre meninos do que meninas em todas as idades. Quando as tarefas domésticas realizadas por pelo menos 21 horas por semana são levadas em consideração, a diferença de gênero no trabalho infantil diminui.
E, com relação à regionalidade, a prevalência de trabalho infantil nas áreas rurais (14%) é quase três vezes maior do que nas áreas urbanas (5%).
Como podemos perceber, todos esses dados mostram que temos muito a caminhar e agora com mais força ainda, a fim de reverter esses dados. 2021 é o Ano Internacional Para a Eliminação do Trabalho Infantil e, no entanto, as políticas negacionistas de Bolsonaro andam no sentido contrário da resolução do problema.
Por isso, é mais do que necessário que se forneça um Auxílio Emergencial decente e que dê conta das necessidades de uma família; que se faça maiores investimentos em Educação e Cultura, possibilitando um acesso real a todos e todas. Também é fundamental que se crie uma estratégia inteligente contra o desemprego dos adultos, que só vem piorando em nosso país, para que as crianças e jovens não tenham necessidade de completar renda familiar.
Que toda criança tenha acesso, antes de mais nada, à infância!
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