Um dos distritos mais afetados pela mineração é São Gonçalo do Bação. Há duas semanas, fizemos uma matéria a respeito do terminal de minério que um Grupo de Empresários do setor da mineração insistem em instalar na região, mas, além do terminal, os danos causados na região pelos empresários também estão escancarados na estrada de São Gonçalo. E mesmo responsáveis por lucros e danos altíssimos, empresários da Mineração se negam a construir faixa para passagem de ciclistas em estrada de São Gonçalo do Bação.
A estrada de São Gonçalo do Bação passa por um processo de pavimentação, muito provavelmente, fruto dos interesses dos empreendimentos privados projetados no local. Durante o processo, o setor da Mineração coloca dificuldades, além de uma indigesta e desrespeitosa falta de diálogo com a comunidade, que se movimenta e solicita a construção de uma pista para passagem de ciclistas e uma passagem para animais na estrada. Parece o mínimo, quando lembramos que a degradação ambiental e os outros aspectos sociais são ainda mais agravantes.
O setor empresarial, que tanto lucra nesta lógica, faz questão de mostrar que só pensa nele mesmo. Uma atividade minerária vinculada a um formato muito financeirizado, mas nada realmente rico. Até para a migalha, este setor da sociedade mostra seu 'egoísmo estrutural', enquanto valores astronômicos são a realidade dos poucos. Foi assim em Bento Rodrigues. Foi assim em Brumadinho. É em Antônio Pereira. É assim em São Gonçalo do Bação.
ENTENDA O CASO
Há alguns anos, a mineradora Vale tem construído um Muro de Contenção em São Gonçalo. De acordo com comunicado da própria empresa, a primeira etapa da obra foi concluída em outubro de 2020.
Oficialmente, o empreendimento cumpre a função de ser uma retenção de rejeitos, para uma possível ruptura de barragens. Na prática, a obra parece ser mais um passo: o setor da Mineração Empresarial vai dominando, cada vez mais, o território de São Gonçalo. A prática é assim: pouco diálogo com a comunidade, interesses econômicos de uma parcela elitista sobrepondo aspectos ambientais, sociais e as próprias leis, e uma omissão de um Poder Público refém desta estrutura capitalista.
A VALE JÁ AVISOU, CONSELHO NAO ACEITA
Segundo relatos da própria comunidade local, ao receber as solicitações para a construção de uma pista para passagem de ciclistas na estrada, a Vale e os grandes empresários não deram importância a reivindicação e não se mostram abertos a negociações. Outro pedido fundamental da comunidade é a construção da passagem para animais no trecho. A empresa manda avisar que não quer nem abrir negociação. Não se interessa, mesmo sendo responsável por tantas degradações no local, com seu modus operandi comandado por representantes do sistema financeiro.
A comunidade de São Gonçalo segue se organizando, e o Conselho de Turismo de Itabirito está desenvolvendo um documento solicitando a intervenção do prefeito, para que a Vale atenda às reinvindicações dessas representações. No documento, deve se considerar que as obras são fundamentais para maior segurança - além do mais, são obras completamente acessíveis considerando os altíssimos superávits da empresa (muito acessíveis mesmo)!
Assim como a comunidade e entidades representativas estão fazendo, o Poder Público do Município precisa se movimentar, unindo-se ao distrito e governando não só para os números, mas para as pessoas da cidade. A Prefeitura de Itabirito precisa começar a ser mais incisiva na defesa dos interesses e do patrimônio ambiental e cultural dos territórios da cidade. Orlando, que as planilhas de Excel sejam menores que os interesses da comunidade de São Gonçalo do Bação.
Comments